Relações lógicas que sustentam os sentidos de um texto
Os sentidos de um
texto estão ligados à lógica. Buscamos sempre o fio condutor da
organização das ideias e das informações: buscamos a lógica dos
discursos. Quando usamos a linguagem, o fazemos seguindo uma certa
lógica. Abordando o ensino da língua portuguesa em uma perspectiva
teórica de linguagem como atividade social. Como situação sócio
comunicativa, não é possível desvincular os textos de suas
situações de produção. Assim os gêneros e tipos textuais, a
intertextualidade, a coerência e a coesão estão intrinsecamente
relacionadas numa harmonia solidária na construção da
textualidade.
Outro componente dessa
harmonia são AS RELAÇÕES LÓGICAS. Essas relações hierarquizam e
montam o “quebra-cabeças” da textualidade. Existem uma variedade
de relações lógicas que podem ser estabelecidas entre as
informações de um texto, focalizaremos apenas algumas como
TEMPORALIDADE, IDENTIDADE, NEGAÇÃO E IMPLICAÇÃO.
Como os fatos ou
ideias que alimentam a composição desse mundo textual costumam
guardar entre si uma ordenação de tempo, a relação lógica de
temporalidade constitui um "fio de raciocínio" importante
para a textualidade, assim também a identidade, que se define na
comparação entre objetos semelhantes, dá condições para que, ao
fazer referência aos objetos do mundo fora do texto, as expressões
linguísticas se organizem textualmente.
As pistas que levam ao
reconhecimento dessas relações lógicas tanto podem estar mais
intimamente ligadas aos elementos linguísticos que tecem a
textualidade, como podem estar mais ligadas à situação sócio
comunicativa, "fora do texto", articulando-o com o
conhecimento de mundo dos interlocutores.
As negativas podem
servir para orientar a compreensão do texto em uma certa direção
da organização das informações ou para provocar reações do
leitor/ouvinte que seriam diferentes se a construção
linguística tivesse forma de afirmação. Por isso, em língua
portuguesa, negar uma negação não é a mesma coisa que afirmá-la.
Dá-se o nome de escopo, da negação aos conteúdos de uma estrutura
linguística que são negados.
Ao ler um texto há
também "pistas" que orientam sobre como articular esses
conhecimentos (marcas linguísticas) que desencadeiam relações
lógicas no texto. Muitas vezes essas informações não estão
explícitas no texto: são relações de implicações. Podemos ir
além do significado do texto, mas não se pode depreender qualquer
coisa a partir de uma frase ou expressão, porque na leitura e
interpretação de um texto buscamos sempre a coerência do mundo
textual. Depreendemos, portanto, ideias que façam sentido no
conjunto da textualidade (significados que estejam implícitos
implicados). Aprender a ler os sentidos implícitos é parte
importante das habilidades de leitura que devemos desenvolver para
nos tornarmos bons leitores.
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